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Review #5: Pet Shop Boys - Fundamental (2006) [Portuguese]

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http://img692.imageshack.us/img692/807/fundamentalcapa.jpg
Fundamental - Pet Shop Boys
"Let’s stay together…"

Detalhes do Álbum:

Nome/Músico: Pet Shop Boys
Nome/Álbum: Fundamental
Lançado: 22 de Maio de 2006
Gênero: Eletrônico/Pop
Duração: 48:39
Gravadora: Parlophone
Produtores: Trevor Horn

Após o inusitado projeto de regravação da trilha sonora do filme russo Battleship Potemkin de Sergei Eisenstein em 2005 - cujas apresentações moveram multidões na Trafalgar Square em sua estreia - o Pet Shop Boys, talvez um dos maiores e mais influentes atos pop do Reino Unido, decidem opacar seu catálogo com já um dos álbuns mais inspirativos e inteligentes de sua carreira. O duo britânico surgiu com o hit West End Girls em meados de 1985, acompanhado por Opportunities (Let's Make Lots of Money) - a primeira instância da mordaz ironia que versam muitas de suas obras. O sequente Actually, contou com a participação da lendária norte-americana Dusty Springfield em What Have I Done to Deserve This?, além do hino It's A Sin. Introspective, terceiro de estúdio, estabeleceu o primeiro contato entre Neil e Chris com Trevor Horn, particularmente um dos mais perspicazes e bem sucedidos produtores pop ingleses - foi um dos principais membros do precursor eletrônico Art of Noise, além de ter sido o responsável pelo sucesso Video Killed The Radio Star, enquanto em sua banda, The Buggles. A época mais gloriosa do Pet Shop Boys chegou em 1990, com o lançamento do criticado - porém popularmente aclamado anos depois - Behavior, seguido pelo frenesi universal de Very, que cessou aos poucos com Bilingual em 1996 e Nightlife, em 99. Houve espaço ainda em 2003 para a compilação PopArt, que provou ser uma das mais sólidas coletâneas da música pop mundial. A irrelevância gradualmente aparecia logo após o pouco expressivo lançamento do incomum Release, que deixou de lado as melodias mais dançantes e enfatizou arranjos rock. O Fundamental, em 2006, embora tenha retomado à sonoridade dinâmica incrementada às desconsoladas baladas, mostrou-se ainda um projeto obscuro, um tanto tematicamente sisudo e sublime, retendo vestígios do perfil sonoro do seu disco de estúdio anterior. O assunto principal volta-se em torno do terrorismo, os efeitos que ele negativamente produz na sociedade e na forma como a qual se comporta diante disso. Além de contrariar explicitamente teorias religiosas fundamentalistas - por isso o título Fundamental. Apesar de seu lançamento ter sido em 2006, 5 anos após o desastre das torres gêmeas em Nova Iorque, ataques suicidas em metrópoles pelo mundo e o decorrente pavor generalizado em nações desenvolvidas, que inevitavelmente temiam a ação malevola dos atrozes praticantes, o Fundamental conseguiu com espetacular maestria captar a aura que moldou-se principalmente nos Estados Unidos naquela época, além de projetar ironicamente analogias com base na reação civil e midiática daquele período. Mas talvez o foco mais inteligente do álbum esteja em conscientizar e não em culpar. O ponto de vista muitas vezes é bastante crítico e neutro, exatamente ilustrando estas duas realidades opostas: as particularidades culturais dos países afetados pelas agressões terroristas, e também o aspecto cultural dos próprios países que promovem o terrorismo. O pior é que, no final das contas, muitas vezes não conseguimos concluir quem pertence ao lado "bom" e ao lado "mal". E é a partir desse impasse que Neil chega a desesperançosa, porém essencial conclusão: "Sometimes, the solution is worse than the problem… Let's stay together". Às vezes o melhor que podemos fazer é realmente nos mantermos unidos.

"I thought I heard a baby cry… I thought I heard a train (Eu acho que escutei um bebê chorando… Eu acho que escutei um trem)", diz o narrador em Psychological, seguido por longinquos susurros, a sirene de um trem e o barulho das rodas atritando os trilhos na faixa de abertura, duvidoso e, ao mesmo tempo, receoso a respeito das suas próprias convicções, que são diretamente influenciadas pelo clima desconfortável e paranoico que a eclosão do terrorismo pelo mundo produziu. A primeira faixa serve como uma explanação teatral da condição a qual muitas pessoas se submeteram ao lidar com as abstratas e mais íntimas consequências terroristas, em que a instabilidade emocional ascendeu-se e paralelamente muitos, amedrontados, começaram a evitar sair de suas casas. Neil ainda completa, no refrão, "all in mind", aludindo que todos os nossos temores, desconfianças e perturbações, são, nada mais, nada menos que criações da nossa própria mente, muitas vezes sem relação factual e física alguma. Sob o uivo do vento e uma ambientação misteriosa, o entusiasta locutor propaga os dizeres "Sun, sex, sin. Divine intervention. Death and distruction. Ladies and gentlemen. Welcome to the Sodom and Gomorrah show! (Sol, sexo, pecado. Intervenção divina. Morte e destruição. Senhoras e senhores, sejam bem-vindos ao show de Sodoma e Gomorra!) no quase single - foi vetada em virtude do título e tema polêmicos - Sodom and Gomorrah Show. Como é do consentimento de muitos, as cidades de Sodoma e Gomorra são duas das regiões que, segundo a bíblia, foram destruídas devido as suas abusivas libidinosidades e depravações. A analogia aqui é entre o radical e catastrófico fato bíblico e o gritante sensacionalismo que a mídia no geral adquiriu à medida que o terrorismo se multiplicava, deturpando - e aumentando - muitas das informações dos acontecimentos relacionados, funcionando como mais um fator pra se alavancar o pânico ante a população. A faixa é bastante sátirica, com a intenção de exibir a condição ilusória que muitos norte-americanos foram impostos após a brutal fatalidade. Todas as imagens, reportagens ou depoimentos relativos a todo e qualquer fato de cunho terrorista, eram vistos normalmente como entretenimento pelos meios de comunicação, em que se ganhava dinheiro às custas da exploração destes que os compuseram. I Made My Excuses and Left, em seguida, excetua-se da temática dominante, mas sem deixar de lado a permanente melancolia. Parcialmente inspirada no relacionamento entre John Lennon, Cynthia Lennon e Yoko Ono, em que a segunda, casada com Lennon, o encontra com Ono, ela se trata de uma história de um narrador que inesperadamente vê seu companheiro tendo relações com outra pessoa. De forma inusitada, esse narrador apenas pede desculpas e os deixa sozinhos, juntos, se conformando com a empírica traição. A música contem uma expressiva introdução, com os murmurantes dizeres "I'm all alone again (estou sozinho de novo)" sendo repetidos em meio a ruídos de um ambiente urbano. Acrescentando ao lúdico, Minimal, segundo single, surge como um hino à arte minimalista - a qual o PSB é assiduamente adepto - para logo depois adentrarmos mais uma vez à desilução em Numb, faixa escrita originalmente pela tradicional Diane Warren após a morte de sua mãe. Aqui, transportada ao contexto, ela pode perfeitamente ser compreendida como a sensação neutralizante global diante dos nefastos atos terroristas. Numb foi o terceiro single e é talvez uma das faixas mais depressivas do PSB. Com o coro de Neil ao fundo e um crescendo instrumental, God Willing que, traduzida ficaria algo como "Se Deus Quiser", entra como interlúdio, entre a primeira parte do álbum e a segunda.

Regressando novamente ao universo circense norte-americano, Neil trata mais uma vez, com a sua imbatível ironia, da nebulosidade com a qual a sociedade precisou enfrentar na glacial Luna Park. "And when we’re getting higher, we’re happy… Somebody’s eating fire, we’re happy. The big wheel in the sky will make you scream (E nós estamos chegando no alto, estamos felizes… Alguém engolindo fogo, nós estamos felizes. A grande roda-gigante no céu fará você gritar)", diz Neil, referindo-se à intrigante transformação de tragédias e destruições em excitação e delírio por parte dos olhos de quem presenciou toda a enigmática realidade que se tornaram os EUA. A analogia nesta é de que os Estados Unidos viraram um verdadeiro parque de diversões - por isso, Luna Park - em que o furor reinou. O narrador termina atônito, afirmando: "A storm will come one day… To blow us all away. Like dust on the moon. (Uma tempestade virá um dia… Para nos devastar. Como poeira na lua.)" I'm With Stupid, primeiro single, mostrou-se como uma sátira sobre o próximo relacionamento entre George W. Bush, na época presidente dos Estados Unidos e Tony Blair, antigo primeiro ministro britânico. "Is stupid really stupid or a different kind of smart? (Ser estúpido é realmente estúpido ou uma forma diferente de inteligência?)", se pergunta Neil, exercendo referência ao embaraçoso e frívolo comportamento do presidente dos EUA durante os acontecimentos e a subsequente guerra no Iraque. Casanova In Hell, a seção mais contida do disco, expressa docilmente sobre o envelhecimento de um homem e a sua inevitável impotência sexual. Twentieth Century faz um resumo das lições aprendidas no século 20 por Neil, com um lírico estranhamente ingênuo e acuado, mas realístico. "Everyone came to destroy what was wicked, but they killed all that was good as well (Todos querem destruir o que é ruim, mas eles acabam matando tudo o que foi bom também)", diz ele, com uma voz frágil e atenuada. Provavelmente uma das baladas mais belas e sentimentais da dupla, Indefinite Leave To Remain compara o visto temporário para imigrantes no Reino Unido com a paixão de alguém por outrem, que clama por uma permanência e conciliação efetiva entre eles. O álbum termina feroz, com Integral, o hino contra os cartões de identidades que gradativamente intentam consolidar na Europa. A aversão do grupo acerca da proposta é a de que haveria uma excessiva invasão de privacidade, além de um perigoso controle pleno do governo sob os cidadãos. Em outras palavras, a instauração do conhecido autoritarismo, só que em panos quentes e invisível a olho nu. A faixa é absolutamente teatral e interpretada diante de uma visão de um defensor da fórmula, argumentando com um perceptível brio que, "se você não fez nada de errado, não tem nada a temer." E que "se você tem algo a esconder, você não deveria estar aqui."

Infelizmente um dos melhores momentos da era, Fugitive, foi deixado como componente do disco bônus Fundamentalism. Nesta última, Neil narra os instantes precedentes de um ataque a partir do ponto de vista de um terrorista, que pensa estar agindo corretamente conforme seus preceitos religiosos. I know that it won't be that long until the hour. Free and released from the world. It feels like power (Eu sei que isso não durará muito até chegar a hora. Livre e libertado do mundo. Sentimento poderoso.), diz ele, sob tonalidade utópica e com o zunido de turbinas de aviões ao fundo. É simplesmente por tudo isso - e muito mais - que Fundamental é - senão o melhor - um dos melhores álbuns políticos. E sem dúvida um dos melhores álbuns na carreira do legendário duo pop inglês. O trabalho foi dedicado a dois homossexuais iranianos que foram executados em 2005, possivelmente devido a suas condições sexuais.

http://img714.imageshack.us/img714/8334/olhop.jpg
Melhor Trecho:

"Everyone has their own number
In the system that we operate under
We're moving to a situation
Where your lives exist as information"

Integral

Considerações Finais:

http://img704.imageshack.us/img704/2715/fundamental.jpg
Nota do Álbum: 5.0/5.0
Escolhas do Álbum: The Sodom and Gomorrah Show; Minimal; Luna Park; Integral

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